Amei a Jacó me aborreci de Esaú
A explicação dos defensores da dupla predestinação é engenhosa. Como
Deus preferiu Jacó e rejeitou Esaú, logo, Deus salva alguns e rejeita outros.
Porém, não é essa a exata interpretação do texto.
Em Romanos 9.9 a
13, o apóstolo Paulo usa o trecho de Gn 25:23 associando detalhes de
Malaquias 1:1-4. Na referência o uso é menos pessoal e mais nacional. «Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú». Deve ser isto
interpretado no sentido de duas nações, não dos indivíduos, segundo se deduz da
referência original das duas citações do Velho Testamento (Gn 25.23; Mal.
1.2,3). Jacó, o mais novo, teria um papel mais importante
que o do irmão Esaú. Deus o escolheu para ser o ancestral do Messias.
Esaú, citado em Hebreus 12.16 como “impuro” e “profano”, perdeu seu
direito de primogenitura. Contudo, nada se diz dele ter perdido sua
salvação. A escolha de seu irmão Jacó para um papel de destaque
não significava que ele, Esaú, devesse perder sua salvação. Esaú
e seus descendentes, os edomitas, não tiveram a mesma importância
histórica que tiveram Jacó e os israelitas. Foram ”vasos para desonra”, ou
“vasos com menos honra” (Rm 9.21).
Além disso, «amor» e «aborrecimento»
não são fundamentos de eleição, como nós entendemos estes sentimentos
subjetivos. Deus não é arbitrário em Sua escolha e não pode ser acusado de
favoritismo irracional. Os termos sentimentais indicam antes uma função e um
destino nacionais. Judá, e não Edom, foi eleito para a revelação progressiva na
história. Israel deveria ser o veículo das bênçãos espirituais para as outras
nações, e, nesse sentido, se tornar a mais elevada de todas as nações. Mas
mesmo diante do aparente fracasso da nação predestinada, o pináculo de
tudo foi ocupado pelo Messias, o qual veio ao mundo por intermédio de Israel.
Em nenhum momento da interpretação o texto bíblico sugere tratar-se
da salvação e perdição de alguém, Portanto, é lícito afirmar que essa
referência dupla se aplique as duas nações, bem como as bênçãos espirituais, e
não a salvação individual. E além disso nada mais é dito no texto, senão que “o mais moço será servo do mais velho” (v.12).
Literalmente, Esaú nunca serviu a seu
irmão Jacó. Quando é dito em Romanos 9:12 que “o mais velho servirá o mais
novo”, a profecia somente teve cumprimento com os seus
descendentes.
Como foi dito, a referência “amei a Jacó e odiei a Esaú” é uma citação do
livro de Malaquias 1.1-4. Em Malaquias, esses nomes representam os povos que
descenderam de Jacó, e os que descenderam de Esaú, os edomitas. Em vista de que
os edomitas haviam perseguido os judeus, Deus disse:“desolarei
a vossa terra. . .”
Direito de primogenitura e salvação
Deus prometeu o direito de primogenitura a Jacó. Significava isso que
Esaú não podia salvar-se? Logicamente não. Em parte alguma das Escrituras lemos
que Esaú não podia ser salvo.
Esaú de fato buscou o direito de
primogenitura com lágrimas, e foi incapaz de obtê-lo, mas em parte nenhuma a
Bíblia diz que ele não poderia salvar-se. Na realidade, a Bíblia diz é que Deus amoleceu o seu coração para com o irmão, e ele o
acolheu no fim de sua vida (Gênesis 33.4).
Nada há absolutamente nas Escrituras que tome esse verso de Romanos 9
para aplica-lo ao destino eterno de indivíduos.
Encontraremos no céu crentes tanto de Edom (Am 9.12) quanto do país
vizinho, Moabe (Rt 1), assim como haverá pessoas no céu de toda tribo, raça,
língua, povo e nação (Ap 7.9).
Extraído do site sempredestinacao.wordpress.com em 24/04/2014
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